Erro de enfermeira rende processo de mais de US$ 303 milhões por danos, movido por pacientes que alegam terem sido prejudicados por um ex-funcionário da instituição. O funcionário em questão, uma ex-enfermeira, é acusado de substituir soro intravenoso de fentanil por água da torneira, o que teria causado infecções bacterianas graves e, em alguns casos, até a morte de pacientes, conforme aponta a ação civil.
No total, 18 pessoas são autoras da queixa, que foi obtida pelo USA TODAY. Todos os pacientes envolvidos foram tratados no Asante Rogue Regional Medical Center, localizado em Medford, Oregon. O processo acusa o hospital de negligência, alegando que a instituição falhou em monitorar adequadamente uma enfermeira com histórico de uso indevido de substâncias controladas. Segundo o documento apresentado ao tribunal do Condado de Jackson, o hospital deveria ter tomado medidas preventivas para evitar que esses incidentes ocorressem.
Shayla Steyart, advogada dos pacientes, expressou sua indignação em entrevista ao USA TODAY, afirmando que essa situação nunca deveria ter ocorrido. Ela ressaltou a importância de o hospital levar o caso a sério e adotar medidas para garantir que incidentes semelhantes não voltem a acontecer. “Queremos justiça para nossos clientes e suas famílias”, disse Steyart.
Entre os autores do processo, metade é composta por pessoas já falecidas, de acordo com os documentos apresentados. A partir de dezembro de 2023, o Asante começou a notificar os pacientes afetados sobre as ações da enfermeira. A ação judicial destaca que os pacientes sofreram dores e complicações que poderiam ter sido evitadas, além de prolongar o sofrimento por períodos maiores do que o necessário.
O hospital, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o processo quando contatado pelo USA TODAY para comentar o caso.
Ex-enfermeira enfrenta acusações criminais
Dani Marie Schofield, ex-enfermeira de 36 anos que trabalhava no Asante, foi formalmente acusada em 12 de junho, enfrentando 44 acusações de agressão de segundo grau. O Gabinete do Promotor Público do Condado de Jackson informou, em comunicado à imprensa, que as acusações são resultado de uma investigação policial que começou em Medford, analisando o roubo e uso indevido de drogas controladas. Esses atos resultaram em infecções graves em pacientes do hospital, ocorrendo entre julho de 2022 e julho de 2023.
Segundo o gabinete do promotor, a análise do caso começou em abril de 2023, com as autoridades entrevistando diversas testemunhas e revisando milhares de páginas de documentos. A investigação contou ainda com a consulta de especialistas médicos. No entanto, apesar das suspeitas, os médicos não conseguiram confirmar que as infecções foram diretamente responsáveis pelas mortes dos pacientes.
Em sua defesa, Schofield se declarou inocente das acusações durante uma audiência em 14 de junho. Embora ela esteja envolvida em um processo criminal, seu nome não aparece no processo de US$ 303 milhões, que foi movido por outros pacientes. No entanto, ela enfrenta uma ação civil separada, aberta pelo espólio de Horace E. Wilson, um paciente de 65 anos que faleceu após ser tratado no mesmo hospital.
O caso de Horace E. Wilson
Wilson, que era empresário e fundador de uma empresa de cannabis em Jacksonville, Oregon, morreu em fevereiro de 2022, após ser internado no Asante. Ele foi ao hospital após sofrer uma queda de uma escada, o que causou uma lesão no baço, levando à necessidade de remoção do órgão. No entanto, durante o tratamento, Wilson apresentou sintomas graves e inexplicáveis, como febres altas e contagem elevada de glóbulos brancos, conforme descrito na ação judicial.
Os médicos diagnosticaram Wilson com uma infecção bacteriana resistente, conhecida como Staphylococcus epidermidis. Mesmo após tentativas de tratamento, a infecção se espalhou, levando à falência de múltiplos órgãos, o que resultou em sua morte. A família de Wilson moveu uma ação separada contra o hospital, pedindo US$ 11,5 milhões em danos.
Até o momento, os advogados de Schofield não se manifestaram publicamente sobre o caso, e o hospital também tem se mantido em silêncio, sem fornecer comentários adicionais à imprensa.
Esse caso levanta questões sérias sobre a responsabilidade das instituições de saúde em monitorar o comportamento de seus funcionários e garantir a segurança dos pacientes. A alegação de negligência pode ter impactos profundos na forma como os hospitais lidam com suas equipes e na confiança do público em relação aos serviços de saúde.
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