A febre dos remédios para obesidade pode custar bilhões aos EUA Uma análise recente realizada pelo Congresso revelou que incluir medicamentos para perda de peso na cobertura do programa de seguro de saúde Medicare pode custar ao governo americano cerca de US$ 35 bilhões nos próximos nove anos.
O Medicare, que é financiado pelo Estado e atende cerca de 54 milhões de idosos americanos, atualmente cobre apenas medicamentos prescritos para condições relacionadas à obesidade, como doenças cardíacas, risco de derrame ou apneia do sono. No entanto, o debate sobre a ampliação dessa cobertura para incluir medicamentos voltados exclusivamente para a perda de peso está ganhando força.
O Custo Projetado da Ampliação da Cobertura
Atualmente, medicamentos como o Wegovy, produzido pela Novo Nordisk, e outros desenvolvidos pela Eli Lilly, são oferecidos pelo Medicare somente quando a obesidade está associada a outras comorbidades.
Essas empresas têm pressionado os legisladores a revisar essa regra para que os medicamentos possam ser cobertos apenas para tratar a obesidade, independentemente de outras condições de saúde associadas.
No entanto, uma legislação em vigor proíbe que o Medicare cubra medicamentos para perda de peso de forma isolada. Um novo projeto de lei, que está sendo considerado pela Câmara dos Representantes, visa alterar essa proibição e permitir que os medicamentos sejam disponibilizados para o tratamento exclusivo da obesidade.
De acordo com a análise do Congressional Budget Office (CBO), publicada recentemente, a expansão dessa cobertura começaria a partir de 2026 e teria um impacto financeiro significativo no orçamento federal.
A análise do CBO prevê que, no primeiro ano, o governo gastaria cerca de US$ 1,6 bilhão para atender aproximadamente 300.000 pacientes. Esse custo aumentaria progressivamente, alcançando US$ 7,1 bilhões em 2034, quando a estimativa é de que 1,6 milhão de pessoas estariam recebendo esses medicamentos. Ao longo de nove anos, o custo total para o governo federal atingiria a marca de US$ 35 bilhões.
Economia e Custos de Saúde
Embora as fabricantes de medicamentos argumentem que a melhoria da saúde geral dos pacientes que utilizam esses medicamentos pode gerar economias a longo prazo, a análise do CBO indica que essas economias não compensariam o alto custo dos tratamentos.
Mesmo que houvesse uma redução nos gastos relacionados a outras doenças, como apneia do sono e problemas cardíacos, a economia estimada para o governo em 2034 seria de apenas US$ 1 bilhão. Esse valor é considerado insuficiente para equilibrar o impacto financeiro total da cobertura expandida.
É importante destacar que, em 2024, o Medicare deve gastar cerca de US$ 120 bilhões apenas em medicamentos prescritos, o que demonstra a magnitude dos custos envolvidos na ampliação da cobertura para tratamentos de perda de peso.
O Debate sobre os Custos e a Sustentabilidade do Medicare
O debate sobre o impacto dos medicamentos para perda de peso no sistema de saúde americano está se intensificando. O senador Bernie Sanders, uma das vozes mais críticas, acusou a Novo Nordisk de explorar os consumidores com o preço elevado do Wegovy, que chega a custar quase US$ 1.350 por mês no atacado.
Sanders alerta que a introdução desses medicamentos na cobertura do Medicare poderia levar o programa à falência, devido aos altos custos envolvidos.
Por outro lado, a Novo Nordisk e a Eli Lilly estão investindo em pesquisas para expandir as indicações desses medicamentos, incluindo o tratamento de condições como apneia do sono.
A ideia é que, ao provar os benefícios em outras áreas de saúde, as empresas possam convencer tanto os reguladores quanto as seguradoras a cobrir os medicamentos apenas para perda de peso.
O presidente-executivo da Eli Lilly, Dave Ricks, mencionou recentemente ao Financial Times que a abordagem para incluir os medicamentos na cobertura do Medicare deve ser feita de forma gradual, tratando inicialmente condições relacionadas à obesidade para, eventualmente, abranger o tratamento exclusivo para perda de peso. Ele acredita que, com o tempo, o Medicare e as seguradoras privadas irão reconhecer a lógica por trás dessa cobertura.
Impactos Futurísticos e Considerações
Ainda que o valor de US$ 35 bilhões seja considerado expressivo, especialistas afirmam que ele não representa um cenário apocalíptico para o Medicare.
Benedic Ippolito, pesquisador sênior do American Enterprise Institute, destacou que esse montante, embora significativo, não é suficiente para levar o Medicare à falência, conforme alguns críticos sugerem. Ele defende que, ao longo dos anos, o sistema de saúde dos Estados Unidos precisará encontrar maneiras de gerenciar os custos crescentes, especialmente com o avanço de novos tratamentos.
À medida que o debate avança, tanto o governo quanto a sociedade civil continuarão a discutir os méritos e os desafios de incluir medicamentos para perda de peso na cobertura do Medicare. O equilíbrio entre custos, benefícios à saúde e a sustentabilidade do sistema será um tema central nos próximos anos, com implicações significativas para milhões de idosos que dependem desse seguro de saúde.
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