O Panorama Atual das Fintechs Brasileiras, após um período de desaceleração no crescimento, estão passando por uma fase de consolidação e estabilidade. Essa transição reflete uma nova realidade econômica, onde sustentabilidade financeira e otimização de recursos são primordiais. As empresas do setor, que antes se expandiam de forma acelerada, agora priorizam o crescimento sólido e estratégico. Esses são alguns dos insights revelados pela pesquisa “Fintech Deep Dive 2024”, realizada pela PwC Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).
O Crescimento das Fintechs no Brasil
Entre julho e agosto de 2024, a pesquisa entrevistou diversas fintechs brasileiras para entender melhor o cenário atual. Os dados mostram que a maioria dessas empresas busca se adaptar a um ambiente mais estável, após anos de incertezas econômicas. Um ponto interessante é que 73% das fintechs ouvidas foram fundadas há menos de cinco anos, e quase dois terços delas operam com equipes pequenas, com menos de 20 funcionários. Mesmo assim, 51% já atingiram o ponto de equilíbrio financeiro, apresentando taxas de crescimento que variam de 1% a 50%.
Esse dado é crucial, pois indica que, apesar de um mercado competitivo e desafiador, muitas fintechs conseguiram se estabilizar financeiramente. O foco, agora, está em uma expansão moderada, que visa a solidez e o controle de riscos, em vez de uma corrida pelo crescimento a qualquer custo. Isso demonstra o amadurecimento do setor, que busca estratégias mais cautelosas para garantir a perenidade dos negócios.
Tecnologias Disruptivas: Inteligência Artificial e Blockchain
No cenário das fintechs, tecnologias inovadoras como inteligência artificial (IA) e blockchain têm ganhado cada vez mais espaço. Essas ferramentas são vistas como essenciais para aumentar a competitividade e eficiência das operações. A IA permite, por exemplo, a automação de processos, enquanto o blockchain oferece maior segurança e transparência nas transações financeiras. Dessa forma, essas tecnologias não só otimizam recursos, mas também proporcionam uma maior confiança no mercado.
A oferta de crédito e os meios de pagamento continuam sendo os principais segmentos de atuação das fintechs brasileiras. No entanto, o setor B2B (business-to-business) tem ganhado força significativa, com um crescimento de 40% para 64% entre as empresas que focam no atendimento a pequenas e médias empresas. Isso reflete uma mudança de paradigma, onde as fintechs estão enxergando novas oportunidades de crescimento ao atender o mercado corporativo.
Autonomia Financeira e Redução da Dependência de Investimentos Externos
Um dos destaques da pesquisa “Fintech Deep Dive 2024” é a maior autonomia financeira das fintechs. No ano passado, 38% das empresas dependiam de investimentos de fundos, mas esse número caiu drasticamente para 15% em 2024. Essa redução mostra que as fintechs estão optando por utilizar mais recursos próprios para financiar suas operações, o que lhes dá maior controle sobre suas finanças e reduz a dependência de investidores externos.
Essa estratégia de fortalecimento da autonomia reflete um movimento de cautela, onde as empresas buscam minimizar a exposição a riscos e garantir sua sustentabilidade a longo prazo. Atualmente, 69% dos recursos utilizados pelas fintechs para financiar suas operações são oriundos de capital próprio, o que indica uma tendência clara de independência financeira.
Além disso, o cenário econômico está mais estável, o que traz otimismo para as fintechs em 2024. A pesquisa aponta que 55% das empresas esperam crescer mais de 100% neste ano, um aumento significativo em relação aos 41% do ano anterior. Essa projeção de crescimento mais expressivo é um reflexo da confiança no mercado e na capacidade das fintechs de expandirem suas operações de forma sustentável.
Desafios Enfrentados pelas Fintechs
Apesar do otimismo, as fintechs brasileiras ainda enfrentam uma série de desafios. Um dos principais obstáculos é a falta de visibilidade e reconhecimento de marca, que cresceu de 26% em 2023 para 46% em 2024. Isso mostra que, mesmo com a expansão do setor, muitas empresas ainda lutam para se destacar em um mercado altamente competitivo.
Além disso, a concorrência, que anteriormente era uma preocupação para apenas 4% das fintechs, agora é vista como um desafio por 32% das empresas. Isso se deve ao aumento no número de fintechs operando no Brasil, o que torna o ambiente ainda mais competitivo. No entanto, a pesquisa também mostra uma redução na preocupação com a crise econômica e política: enquanto em 2023, 52% das fintechs viam esses fatores como impeditivos para o crescimento, esse número caiu para 25% em 2024.
Diego Perez, presidente da ABFintechs, destaca que as fintechs se adaptaram bem ao cenário de incerteza econômica e de restrição de capital. Muitas empresas reduziram custos e priorizaram gastos em áreas essenciais, como o desenvolvimento de produtos, focando em uma expansão mais cautelosa. Esse ajuste foi necessário para que as fintechs pudessem prosperar em um ambiente de maior competição e menos disponibilidade de capital.
O Papel da ABFintechs no Desenvolvimento do Setor
Fundada em 2016, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento do setor no Brasil. Com mais de 700 associadas, a ABFintechs tem como missão garantir que o maior número de fintechs se torne realidade como negócio, além de tornar o Brasil uma referência global em inovação financeira.
A associação tem atuado ativamente em questões regulatórias, em parceria com órgãos como o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Entre suas conquistas estão a Instrução CVM 588, a Resolução 4656 do Banco Central e o desenvolvimento do Sandbox regulatório, que permite às fintechs testar inovações em um ambiente controlado.
Com essas ações, a ABFintechs busca criar um ecossistema favorável ao crescimento das fintechs no Brasil, oferecendo suporte para que essas empresas possam enfrentar os desafios do mercado e continuar inovando.
O setor de fintechs no Brasil está em um momento de transformação, com foco na consolidação e no crescimento sustentável. A adoção de tecnologias disruptivas, o fortalecimento da autonomia financeira e a adaptação a um ambiente competitivo são alguns dos fatores que têm impulsionado o desenvolvimento dessas empresas. Apesar dos desafios, as fintechs brasileiras demonstram resiliência e capacidade de se adaptar às mudanças do mercado, abrindo caminho para um futuro promissor no setor financeiro
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